Os olhanenses são como são, umas vezes pacóvios e provincianos, os melhores ou os piores do mundo, dependendo dos dias, mas sabem quem são e o que os distingue dos demais. Tem um património imaterial único, por vezes não muito bom, mas mesmo assim é parte da nossa identidade e temos que procurar manter essa identidade, custe o que custar.
Vem isto a respeito da Gelvi. Desde 1951 que aqueles gelados se afirmaram como parte de nós. Não era a Gelvi, eram os gelados do Virgilio que anos depois se transformaram na Gelvi e todo um modo de vida que lhe estava associado. Quem de Olhão não conhece a Gelvi?
Qual gelato) Quero o meu gelado de volta |
Com a nova gerência, a Gelvi passou a ser mais limpa, com mobiliário mais moderno, funcionários com apresentação impecável, mais atenciosos, a mesma qualidade de gelado, os preços não aumentaram excessivamente.
Mas, (há sempre um mas...) havia uma reputação que levou anos a construir e que a nova gerência está a destruir, sem se aperceber:
- Uma pessoa sentava-se na Gelvi e havia sempre a possibilidade de estar uma ou duas horas à espera de ser servido, e muitas vezes nem era. Agora até querem que se pague antecipadamente;
- As mesas, de tanto uso e escrita, contavam histórias de amor (amo-te teresa) ou ódio (leal és um ...), Agora estão limpas e a brilhar;
- Antes, os empregados estavam a fumar um cigarrito enquanto os clientes esperavam, olhando o mar. Agora somos logo atendidos;
- Isto é o fim do mundo como o conhecíamos, mas o que me custa mais é o nome. Gelvi Gelato? Mas qual Gelato, porra? Aquio ainda é o gelado do Virgílio, com mais aperfeiçoamento tecnológico. Qual Gelato? Quem quer gelato vá para itália, não vai à Gelvi.