quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Poirot e o sinal encoberto




O telefone toca. Poirot, preguiçosamente levanta-se e, com todo o tempo do mundo, lá se digna a levantar o auscultador. Arrependeu-se de imediato. Era a vizinha  Henriqueta: “Senhor Pirou, mas que sinais são aqueles junto ao Hotel, tapados com fita negra? Morreu alguém?”
“Quais sinais, vizinha?”, responde Poirot, “eu sei lá de alguns sinais!”
Henriqueta não se calava :”Vamos lá senhor Pirou, tem que ver os sinais” 
“Mais tarde, vizinha, mais tarde”, diz Poirot.

Pelas 17,00, e com um belo final de tarde pela frente, lá foram os dois ver os sinais.
A vizinha Henriqueta falava sem parar: “Boa coisa não deve ser, senhor Pirou, boa coisa não deve ser. É um P e um g, isso vejo eu. Mas quais as letras em falta?”
Poirot, já com muitos anos de experiência, viu logo do que se tratava: “Vizinha Henriqueta o sinal diz Pago e das 9 às 24”.
“Mas pago o quê, senhor Pirou? O pôr do sol? O mar calmo? A ria formosa? O que querem que se pague?” continuava Henriqueta.
“O estacionamento, vizinha. Que mais podia ser?”, responde Poirot.
Ver o mar ? Tá bem, abelha!
E ela, sem parar “Mas a câmara quer que paguemos até aqui? Não é um exagero? E das 9 às 24? E aos sábados como vai ser?”

Poirot exasperava: “Vizinha, isto não deve ser coisa da câmara. Cheira-me que é mais coisa dos alemães e seus comparsas”

Henriqueta ficou a pensar: “Alemães? Então a Merkel também quer tomar conta do estacionamento em Olhão? Era o que nos faltava”

E Poirot, respirando fundo “Qual Merkel. O outro, o alemão dos negócios. E olhe vizinha, o tipo é bom nestas coisas, Ganhou o concurso, ainda não meteu um tostão nisto, já aumentou o preço das amarrações, agora põe estacionamento pago. Olhe, isto é que é dar uma chouriça e receber um porco. Grande negócio fez a Docapesca, sim senhor”.

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