Meu menino Jesus:
Esta carta é
mais para te agradecer o ano de 2017 do que pedir algo para 2018.
Com o que recebi
em 2017 não tenho direito a pedir grande coisa para o ano que se aproxima.
Sei que tinha
pedido para ganhar as eleições, mas a coisa foi fácil demais, meu menino. Ainda
me assustei mas não passou disso: um susto, sem consequências de maior. Não
esperava, de nenhum modo, a extensão da vitória, ou melhor, a extensão da
derrota dos rivais, alguns até inimigos.
Aquilo foi
uma razia (e uma azia para eles), da direita à extrema-esquerda, dos que já
fizeram alguma coisa aos que nada fizeram em toda a sua vida, dos que já se
deviam ter reformado aos que nunca trabalharam, dos que ainda pensam que o
mundo parou em 1975 aos que nem sequer sabem em que mundo querem viver.
Vi-me livre dos
adversários no partido, mandei para as profundezas do desespero e da
impotência (política) os dos outros partidos, resumindo: um ano em cheio. Um único senão: não
podias ter-me dado uns vereadores da oposição que fossem uma mais-valia para a
terra? Não havia ou não procuraste bem? Procuraste, mas eles não ajudaram? Cá
me parecia.
cuidado com o que desejam |
E para 2018?
Olha, meu
menino, compõe as coisas (não precisas exagerar) nos outros partidos em Olhão,
que bem precisam, mantem os turistas a visitarem-nos e a cá ficarem, arranja-me
dinheiro para as obras que prometi (reconheço que algumas foram um bocado forçadas, mas
enfim), mas como não preciso todo em 2018 podes orçamentar isso como
despesas plurianuais.
Por fim, dai saúde, trabalho e animação (a ordem pode
não ser essa) a todos os olhanenses.
PS: disseram-me
que o meu sossego ia acabar, mas deve ter sido um rumor, não achas meu menino?
António Pina, presidente do município de
Olhão