Estava Poirot tomando o
seu chá da tarde quando a campainha toca.
Levantando-se a custo, lá
abre a porta e vê a vizinha Henriqueta a queixar-se: “Ó amigo Pirou, tem que
nos ajudar a resolver este mistério”.
- Qual mistério, vizinha?
Eu estou reformado, não tenho paciência para parvoíces. Que se passa?
- Os ares condicionados,
Pirou, ou que raio aquilo se chama. Toda a vizinhança fala que desapareceram.
Poirot, com ar cada vez
mais irritado: Então com um calor destes não haviam de desaparecer? Devem ter
torrado com o uso e foram para o lixo.
- Mas eram novos, bem, quase novos, e agora compraram outros ainda mais novos e ninguém sabe o que fizeram aos
velhos que ainda eram quase novos. Vê-se logo que o dinheiro não era deles – dizia a Henriqueta.
- Vizinha Henriqueta, o caso é tão
fácil de resolver que nem sequer é caso – replicava Poirot - Vê esta fotografia
dos deuses no Olimpo? Já viu como estão vestidos numa montanha perto do
céu? Com poucas ou nenhumas roupas?
Os deuses no Olimpo |
- É verdade vizinho Pirou,
como aguentam eles o frio?
- Com ar condicionado, ora
essa – diz Poirot - Fazem o mesmo que eu cá em casa.
- Então que temos que
fazer, Pirou?
- Simples, vizinha. Deixem-me beber o meu chá em paz. E falem com Zeus!